terça-feira, 4 de agosto de 2009

A Carta de Fabiano à Yeda Crusius – Outubro de 2006.

Aí está: ao lado de algumas pessoas, previ e alardeei o que seria o RS nos tempos de Yeda. Vendo que a derrota era inevitável, diante das alianças amplas dos tucanos do pampa, e indignado com as mentiras ditas e reditas por Yeda na TV, me prontifiquei a escrever e lhe mandar uma carta/e-mail. Eis alguns (longos) trechos da mesma...

Senhora Yeda Crusius;

Antes de tudo, gostaria de lhe cumprimentar por concorrer ao governo do Estado do Rio Grande do Sul – sem dúvida, depois de tantos desserviços seus a este Estado, tenho que dar a mão a palmatória e elogiar sua coragem, não só em concorrer, mas em desdizer todos os seus feitos (e defeitos, politicamente falando). Não é qualquer candidato, nem mesmo um candidato que começou esta eleição desacreditado, que sobe vertiginosamente nas pesquisas, que consegue entrar em um debate e não ser (pasmem!) desmoralizado, mesmo estando durante anos em acordo com tudo aquilo que há de pior e mais nefasto na política desse país (PFL, PP, PMDB...).
Pois bem, a senhora vem à luz do dia e declara ser “um jeito novo de governar”, declara ter “uma nova política” e mais do que isto, fala veementemente em “ter palavra”; (...) O seu “jeito de governar”, pode ser novo em seus parâmetros, mas já é bastante repetitivo na história da economia mundial nas últimas décadas deste século passou: É o neo-liberalismo (só falta a senhora agora, negar que é Neo-Liberal) que Margareth Tatcher teorizou por sobre os países da Commenwealth assim sendo: “Se os países do 3º mundo não podem cuidar e administrar seus recursos, é certo que passem esta administração para nós, do 1º mundo”. Ou melhor: Pinochet, o grande impulsionador do Neo-Liberalismo na América Latina, amigo pessoal da Senhora Margareth Tatcher, também achava que “a máquina estatal precisa ser enxugada”. Ele enxugou a máquina, antes de “pulverizar” seus inimigos, que segundo ele, eram “conduzidos por fundamentos ideológicos”. Aliás, não foi a acusação que a senhora fez ao Senhor Olívio Dutra em recente debate? Serão apenas coincidências? Podem ser consideradas meras coincidências, alguém que se alia ao PP e que repete os trechos do discursos de Pinochet?
Pior: Pode ser coincidência que o seu vice fale em privatizar o Banrisul, enquanto a senhora, que apoiou o governo entreguista de Britto, também admitiu “ser a favor da privatização dos Bancos estatais”? Me desculpe, mas estou confuso, candidata! (...) Quem implementou a venda e a quebra do Estado em 4 anos de governo? Quem fez deste país uma balburdia atrelada aos banqueiros internacionais? A senhora sabe quem são os seus aliados??? Claro! Por que como a senhora mesmo já disse “tem boa memória e acima de tudo, tem palavra”. Eu também! Por que lí, vivi, observei o mundo, conversei com as pessoas e morei em SP (portanto sei bem do que o Senhor Geraldo Alckmin é capaz na administração de um Estado). A senhora, Candidata Yeda, está polarizada, aliada ideologicamente: Ao lado dos filhotes da ditadura, dos banqueiros internacionais, da corja de investidores que fez questão de aumentar o contingente de famélicos a habitar nossos viadutos!(...) Eu digo isso, com a autoridade de quem viveu os 4 anos do governo Olívio, aqui, sentindo na pele o “terrorismo jornalístico” do grupo RBS (por coincidência, o seu berço político) contra a administração da Frente Popular. Aliás!? Onde a senhora estava neste período?
O seu “Jeito novo de governar” é o mesmo dos 8 anos de mandos e desmandos do governo FHC: A compra da emenda da reeleição, o processo escandaloso de entrega das Estatais a investidores estrangeiros, a repressão furiosa, jamais vista aos militantes do MST, a dolarização da economia, que quebrou em efeito dominó, uma série de indústrias, geradoras de emprego e renda. A sua economia Neo-Liberal gerou os maiores indicies de miséria e fome neste país nos últimos 30 anos. Isto não lhe diz nada??? Pois bem: A senhora é o novo, o modelo “ético” de política e com as alianças “amplas e sem preconceito” que fez, deve ganhar este pleito. Eu, tenho comigo, que este será o pior governo deste Estado em muitos anos, e corremos o risco, de ao fim de 4 anos não termos mais nenhuma estatal, o Estado estar invadido pelas tão famosas PPPs, os campos impregnados de “sementes sintéticas”, e pior do que tudo isso, a nossa população estar mais despolitizada do que nunca, num fenômeno jamais visto, de alienação, comodismo e descrença.
Se a senhora ama este Estado como diz tanto, retire sua candidatura. Aliás, não concorra a nenhum cargo representativo “representando” este Estado(...). Sei bem que esta mensagem por e-mail não será lida pela senhora (em decorrência de ser humanamente impossível na decorrência do seu tempo disponível) mas por sua assessoria. Peço que, se tiverem coragem de me contradizer, me respondam! Aliás! Façam dois debates: Um com o senhor Olívio Dutra, outro comigo! (...) Deixo claro que não sou o dono da verdade, assim como o atual governo federal não o é (e nos prova isso quotidianamente), mas acredito ser fundamental para a construção da democracia (exercida de forma pluralista), que o eleitor (seja seu eleitor ou não, como eu), que o pagador de impostos, que o contribuinte de divisas, questione as tantas contradições apresentadas neste pleito.

Cordialmente, Fabiano da Costa.
18 de outubro de 2006.

3 comentários:

Manoel disse...

"A Carta de Fabiano à Yeda Crusius"

HEHEHEHEEHEHE

Acho que o Marx preferido do Fabiano não é o Karl, mas sim o Groucho.

Prof. Fabio Beilfuss disse...

Eu não sabia que a livre manifestação era motivo de riso. Bom mesmo deve ser um estado totalitario, cisudo e opressivo, não?

Anônimo disse...

HEHEHEHEH CAGUEI AQUI