sexta-feira, 25 de abril de 2008

O auto de fé de Bush





O encontro, recente, entre George W. Bush e o Papa Bento XVI provocou uma série de constrangimentos. Enquanto Bento XVI tenta mostrar ao mundo que pode ser um artífice da paz, Bush intensifica a onda terrorista em seu final de mandato. Como já dissemos, Bush vive a era do pragmatismo da política americana – onde vale tudo e pode mais, quem chora menos. Num cenário desses, entre um maníaco armado até os dentes e um demagogo na sua peregrinação pela fé, se tornam inimagináveis as conseqüências.
Pressionado pelos setores progressistas da Igreja e pela União Européia, Bento XVI criticou abertamente a posição que Will Bush adotou oficialmente, ao defender o uso da tortura e dos métodos “nada ortodoxos” da CIA e do FBI em seus interrogatórios. Para Bush, estes métodos são a garantia da segurança americana, já que a simulação de afogamentos e os choques elétricos obtêm toneladas de confissões acerca de possíveis atos terroristas. Bento XVI ainda frisou que o povo americano deverá votar “pela paz”, ao procurar, nas próximas eleições, uma alternativa que denote a busca pela solução dos sangrentos conflitos no Iraque e no Afeganistão.
Não é de hoje que Bento XVI passou a defender a paz: Acusado de colaboracionista do Nazismo quando jovem e aliado das correntes mais a Direita do Catolicismo Romano (Opus Dei, por exemplo), o Papa tem se posicionado de forma ambígua: Ou atira nos radicais Islâmicos ou no poderio Imperialista dos Estados Unidos, que já supera a influencia do Vaticano na Europa. Para tal, já fez um mea-culpa público da Inquisição, ao se desculpar pela mesma e todos e seus absurdos, inclusive pelo terror espalhado pela Milícia de Cristo, comandada por Santo Agostinho, em 1219. Bento XVI também sinalizou com o que todos já sabíamos: A fogueira desenfreada para as feiticeiras, desencadeada a partir de 1500 com autorização de Roma, e que vitimou centenas de mulheres, foi um erro, e grave. Portanto, Bento XVI, ao fazer sua sessão de revisionismo, atacou a truculência estadunidense e “empurrou” as batatas quentes da história. Talvez não queira ser lembrado pela omissão como Pio XII.
Bush, em 2001, declarou que a “Guerra contra o terror”, era uma “Guerra de deus”. Isso deu aos fundamentalistas islâmicos, a prova irrefutável de que a Guerra religiosa existe e não foi iniciada por eles. Bush também afirmou que defende “os valores civilizados do Ocidente”, ao chamar, indiretamente, o mundo islâmico de bárbaro e se colocar como um Diocleciano moderno. O que Bush tem feito na sua guerra “particular” (“Tudo é vaidade” diria o Rei Saul se ainda vivo) é impensável: As denúncias de estupros a crianças, de maus tratos a idosos e do uso da mais desenfreada covardia no Oriente médio são, por agora, incalculáveis na conta dos números da ONU. O que mais nos assusta, é que em breve, um Papa ou um presidente americano, irão a público pedir desculpas ao mundo, por esta tragédia de proporções descabidas, o que chocará a muitos, mas infelizmente, não surpreenderá a mais ninguém.
Fabiano, 24/4/08.

Movimento Estudantil: Pela democracia da Mongólia!


A Mongólia ficou conhecida por ser um dos países mais fechados do mundo. O ocidente pouco sabia do que lá acontecia: Sobre o militarismo exacerbado, sobre a forte e influência do governo de Pequim, sobre a estrutura quase feudal do interior do país. A Mongólia foi o segundo país do mundo a decretar a revolução do proletariado. Mesmo contra a indicação de Lênin, que apontava a Espanha como a segunda nação a derrubar a burguesia ou a monarquia e a dar o poder aos trabalhadores, em 1922, o país decretou o Socialismo. Foram os russos brancos, aliados anteriormente a Kerensky que lá apoiaram a revolução. Passados os anos, houve uma aliança com os Bolcheviques e mais a frente, uma dependência militar e econômica com a China. É de se pensar: O que este país árido, frio e montanhoso tem em comum com o Movimento estudantil?
Quando se elegem membros para diretórios e centros acadêmicos, pressupõe-se a idéia de que este é um ato democrático. Os membros dessas entidades, ainda que sejam diretórios (eleitos por chapa) ou Centros (aclamados e assembléias), são delegados de uma classe. A eles fora delegada a função de representar os demais estudantes, assim como os sindicalistas representam os trabalhadores e em tese, os deputados deveriam representar seus eleitores. O Centro ou diretório acadêmico não é, seja qual for sua espécie de eleição, uma gestão de executivo. É na verdade, um mandato de legislação. Isso se torna mais claro ao falarmos dos Centros acadêmicos: Eles não devem “governar”, mas sim representar as propostas a si delegadas. Devem ser “democracias plenas”, abertas e participativas.
Quanto ao fator local (e me refiro a FURG – Fundação Universidade Federal do Rio Grande), deveria ser lembrado em todos os cursos, que os membros eleitos por assembléia não possuem decisões totalmente autônomas: A assembléia, seja qual for seu quorum (em 2ª chamada), deve apontar essas medidas. Tolerar a “porta fechada” ou o “vencer pelo grito”, além do aparelhismo e do fisiologismo político, aponta para um regime como o citado acima: A plena “democracia da Mongólia”. Sem citar, é claro, que a própria Mongólia obteve em sua ditadura, uma série de avanços sociais, que aqui, não cabem ser discutidos. A função do centro acadêmico não é ser uma sociedade fechada, onde os membros bradam que sua legalidade foi dada “pelo voto”. O voto, meus camaradas, elege bons, ruins e péssimos representantes. Os alunos devem cobrar, pressionar, participar do Centro acadêmico de uma universidade, mas devem também ser ouvidos, tratados com respeito e principalmente, reconhecimento e dignidade. Ou isso, ou vamos lutar por uma democracia mais evoluída, que acredite, era a da própria Mongólia!
Vale lembrar que as democracias plenas são exercidas pelos participantes de votação e assembléia: Tanto os que apontam, como os delegados a uma função são participantes eqüitativos de um projeto político. Os erros, os excessos, ou as omissões (que são comuns no corporativismo, onde um grupo simplesmente toma a frente e vota sempre junto, pela mesma causa, ocupando uma posição de liderança) não conferem com a plena democracia. Além do mais, estão todos os delegados, sujeitos a exoneração, se for entendido que a sua representação nada mais é, do que um desejo próprio de poder e vaidade. E disso, o Movimento estudantil de todas as universidades está cheio. O da FURG, em alguns cursos, até mesmo transborda.
Fabiano, 25/4/08.