sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Língua do tamanduá na reeleição sem limites.


Em 1997, eu fui um dos que abriu a boca: A emenda da reeleição era tão estapafúrdia que quebrava a estabilidade política do país. Não que ela seja antidemocrática. Se uma gestão é boa, pode ser reeleita quantas vezes a maturidade da democracia suportar. O problema é quando o jogo começa de uma maneira, e as regras são alteradas durante seu exercício. Foi assim em 1997, quando a base aliada de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, PMDB, PFL, PL, PTB...) negociou e comprou a emenda da reeleição no congresso. A Esquerda, argumentou que a regras não poderiam ser mudadas na véspera de uma eleição presidencial. No entanto, a emenda foi aprovada no Congresso, o que permitiu a FHC ser reeleito no ano seguinte. Agora, a mesma base que deu a reeleição a FHC, argumenta ser golpe o projeto de o Brasil adotar a Reeleição sem limites, modelo emprestado da Venezuela. Como se vê, são dois pesos e duas medidas. Sempre.
E o que fomenta essa discussão? Os altos níveis de popularidade de Lula e a doença da então candidata Dilma Roussef. Na verdade, desde Getúlio Vargas, um presidente não havia conquistado tanta confiança. O crescimento da economia e a grande presença do Estado nos setores sociais são causas dessa popularidade. Entretanto, Lula, não aceita a reeleição sem limites. Aliás, sempre deixou claro: É contra qualquer reeleição, e a favor de um mandato finito de 5 anos. Lula, como se vê, e como provam até mesmo os críticos, não foi picado pela mosca azul. É uma pena que só Diogo Mainardi não comprove isso. Ele acha que Lula trama algo. E se Lula fosse a favor da reeleição, também acharia que Lula estaria tramando.
Em meu ver, reeleição sem limites é um perigo. Nem por isso, ela deixa de ser legítima pelo tramite democrático, afinal quem decide nesse processo, são as urnas. O problema é que as regras não podem ser mudadas durante o jogo. Isso efetiva o que foi chamado de “prática de Gilmar”, ou seja: Começamos com uma regra no jogo, e de acordo com o que vai acontecendo no mesmo, as regras podem ser mudadas ou mantidas. A situação venezuelana é diferente: Chavez é um milico perigoso, mas tem apoio total da população, no que tange a políticas sociais firmes, investindo os lucros do petróleo em educação e saúde. Nem por isso, eu acho que a reeleição sem limites de Chavez é menos perigosa. O que há, é que na Venezuela, a discussão acerca da democracia baseada em eleições é recente. Assim como na Bolívia. Lembre-se que quem mais ataca Evo e Chavez hoje, é quem justamente propiciou o momento político dos dois: As multinacionais, os fazendeiros, os agiotas políticos e a corja mantida e suportada pelos interesses estadunidenses na região, que centralizando a renda, polarizaram a miséria. No Brasil, a discussão está mais avançada. É bem verdade, que mesmo assim, quem a propicia, não está nela pela compreensão da democracia como um regime que precisa de reparos e de avanços, mas sim por ver na mesma, interesses específicos. Tanto a campanha de Dilma Roussef como a empreitada Petista de dar uma reeleição sem limites a Lula tem a mesma face: Um projeto de poder por décadas. Se isso é positivo para o país ou não, não é a discussão para esse momento.
Lula, por sua vez, não deveria estar assustado com a turba enfurecida na oposição, onde estão José Agripino e ACM Neto, e nem com a já tão comentada candidatura de Aécio Neves, mas sim com os seus aliados na câmara e senado. Quem tem José Sarney, Fernando Collor e Romero Jucá como aliados políticos, deve dormir com os dois olhos abertos e nem mesmo pensar em reeleição, mas sim, cuidar-se ao máximo para concluir seu segundo mandato sem levar uma cama de gato.

Fabiano da Costa, 9 de junho de 2009.
Fonte da imagem: blog Humor do Novaes.

2 comentários:

Lidio Lima Jr disse...

"Entretanto, Lula, não aceita a reeleição sem limites. Aliás, sempre deixou claro: É contra qualquer reeleição" Ora faça-me um favor! Fernando Henrique também disse que não ia se candidatar a reeleição! Alguem acreditou? Lula diz que é contra a reeleição, pode ser, mas só se não for a dele.`
Não é saudavel para uma democracia uma aprovação presidencial tão grande. Assim como nos Estados Unidos, com Obama, não é seguro confiar demais em um presidente, alias em qualquer politico, alias (novamente) em qualquer pessoa. Não confio 80% nem na minha mãe! A tradição da credibilidade e da confiança é que nos pôs no buraco onde estamos. Se tivessem os indios atirado primeiro e perguntado depois quem sabe as coisas seriam diferentes(heheheh).

Anônimo disse...

"Não é saudável para uma democracia uam aprovaçaõ presidencial tão grande"...
MEU DEUS, isso é estapafúrdio...
é a tática do "eu não gosto e por qualquer motivo".

Se o cara tem 40% de aprovação ele gritaria "nem metade do poco gosta dele", aí ele tem quase 80% e inverte o barco "ele é adorado demais...cuidado"

Com essa só chego a uma conclusão: ou Lídio foi parido pelo próprio Mainardi ou então ele tá querendo ser adotado.