quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O espetáculo da Direita riograndina e a sua reafirmação (acreditem) ideológica.

Entre os dias 9 e 10 de fevereiro, a Câmara de Vereadores de Rio Grande vivenciou alguns de seus mais pungentes embates. De um lado, a Esquerda, com os 4 vereadores da Frente Popular, e mais os setores progressistas (leia-se o PDT), do outro, os 8 vereadores que compõe a base aliada do executivo municipal, sustentada na Câmara, por PMDB (4 vereadores), PPS (2), PTB (1) e PSDB (1). No cerne da questão, mais um tema correlacionado ao tão polêmico transporte coletivo. Baseado no projeto de lei fundamentado pelo ex-vereador Jair Rizzo (atual membro do executivo e filiado ao PSB), entrou em votação uma nova medida no inicio de fevereiro, que obrigaria toda a frota de coletivos do município a rodar com cortinas. Segundo Rizzo (que mesmo defendendo o atual executivo, em seu mandato passado, sempre foi um progressista na melhor condição da palavra), o uso da cortina preveniria o câncer de pele nos usuários e proporcionaria mais conforto aos mesmos. Vale lembrar, que o uso de cortinas nos coletivos municipais é recomendação de dermatologistas, dado o alerta de que o município está em uma área crítica em meio ao rombo da camada de ozônio.
Assim que a proposta caiu na Câmara, os setores de Direita e seus aliados, logo mobilizaram uma votação maciça para que o projeto não fosse aprovado. Essa mesma base foi a que apoiou incondicionalmente o aumento do preço da tarifa do transporte, e vem sendo chamada há mais de uma década de “bancada da Noiva do Mar” (a maior empresa do município que concentra consigo mais de 90% das linhas). Até aí, nada nos surpreenderia. O que chocou a todos, foi a saraivada de motivos para não aprovar o uso de cortinas nos coletivos: Segundo o vereador Thiaguinho, do PMDB (que se deixa ser o representante da juventude riograndina), sua negação seria por motivos de segurança, já que o número de assaltos aos ônibus tenderia a aumentar (Entendo eu que os assaltantes tirariam todas as cortinas, ou durante o dia, pediriam que as mesmas fossem fechadas para melhor privacidade no seu ato marginal). Já Wilson Batista, o “Kanelão” (PMDB) e Giovani (PTB), se revezaram na preocupação da saúde pública, já que “a população riograndina se limparia nas cortinas e poderíamos ter epidemias”. Diante dessas afirmações, o projeto foi reprovado. Para terminar, pior que as sessões costumeiras de silêncio da Vereadora e Primeira Dama Luciane Compiani (que se afasta dos debates na maior parte das sessões)o reinado já aparentou rachaduras. Indignado com algumas afirmações do Jornal Agora, que teriam sido proferidas pelo ex-vereador Jair Rizzo, Thiaguinho chamou o colega de governo de “mentiroso e responsável por inverdades”. Já Kanelão, que com Renato Albuquerque (PMDB) compõe a base mais reacionária da bancada, alegou que o atual secretário “não teve competência para aprovar esse projeto antes e não seria agora que o faria”. Ainda completou com a seguinte frase: “Votei contra na primeira vez e vou votar contra novamente”. Não, segundo os vereadores, não existe a tal bancada da Noiva do Mar. Mesmo que os vereadores Renato Albuquerque e Giovani admitam que o transporte coletivo deva ser sim alvo de debates, os dois traçam alianças em defesa do atual modelo. Albuquerque, inimigo declarado da Frente Popular, chegou a alegar que “a colocação das cortinas na frota urbana daria motivos para o aumento do preço da tarifa”. Lembrete: A empresa Cotista já emprega as cortinas em seus veículos e o aumento mais recente, foi na véspera de fim-de-ano, quando, como noticiamos, a passagem chegou a R$ 2,05.
A investida da Direita riograndina não é algo de se estranhar. Sempre atuante quando se trata de manter o sistema de transportes atual, seus membros tem um histórico invejável contra os movimentos sociais e contra a sociedade civil organizada. Alguns, foram da antiga ARENA, outros trilharam o caminho mais fácil, de figuras de festinhas e colunas sociais para a Câmara. No fim, todos se entendem, já que não têm respeito algum pelas suas próprias bases, sendo eleitos por um enorme número de pessoas das periferias, onde o PMDB e a base aliada são invencíveis. Ao menos, as discussões na Câmara tem nos dado um retrato disso. No dia 16/2, o embate entre a Direita e a Esquerda fora tão desmedido, que Júlio Martins (PC do B) lembrou o passado Arenista de Renato Albuquerque, enquanto o mesmo recorria à História para alegar que o Orçamento participativo não foi uma construção Petista (e realmente não foi). No dia 16 também foi discutido o Projeto do Vereador Thiaguinho, que institucionalizará o ensino da História da Cidade do Rio Grande como parte do currículo municipal. O que é uma boa idéia, pode conter um problema: A Velha maneira de contar a História municipal com seus mitos e heróis, homens de brilhantismo natural e guiados pela bravura dos portugueses. Um aperitivo da literatura positivista. É bom que se pense nisso: História para educar e formar cidadãos, ou história para turista ler? Enquanto isso no ínterim da Câmara, podemos dizer que Renato Albuquerque ao menos definiu a base aliada, o que de fato, deixa o embate mais atraente. Na legislatura passada, sem ele, o PMDB não se assumia de Direita em hipótese alguma. O que faltou nos últimos 4 anos, agora, sobra pelas janelas: O debate polarizado, bastante claro e que tem posições bem distintas. Para os que odeiam a Esquerda e tentam construir uma caça “aos comunas” na cidade, eis um prato cheio e uma mão amiga nessa empreitada difícil: A base aliada da nossa Câmara, de Direita e bem resolvida.

8 comentários:

Lidio Lima Jr disse...

Concordo que haja essa clássica polarização, pró noiva do mar, da câmara de vereadores e que não haveria grandes problemas para por essas , benditas cortinas, o que não concordo é essa história da direita riograndina.
Vamos ver os partidos que compõe a dita "direita riograndina"."PMDB (4 vereadores), PPS (2), PTB (1) e PSDB (1)".
PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro, antigo MDB a esquerda durante a ditadura.PPS - Partido Popular SOCIALISTA. PTB - Partido Trabalhista Brasileiro, claramente, ao menos nominalmente, de esquerda.
Cadê a "direita riograndina"? Como de costume é esquerda contra esquerda, não existe mais direta no Brasil.Estamos entregues aos tubarões.

P.S.:Como sempre a única diferença é que uns dizem sim e os outros sim senhor.

Fabiano - Barricada Vermelha disse...

Lídio: Kanelão é de Esquerda? O Renato Albuquerque infarta se sonhar que tu o definisses como Esquerda.

Lidio Lima Jr disse...

Não disse que em o Kanelão nem o Albuquerque são de esquerda o que eu disse é que o partido deles é.E é.
P.S.:Eu também infartariade falassem isso de mim.

Anônimo disse...

Só queria registrar que as criaturas que votaram que o serviço prestado pela Noiva do mar é ótimo, não utilizam ônibus!

Monasofia

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...

E aí seu Fabiano...bem, está adicionado aos favoritos e o senhor Lídio, e as suas "vaquinhas" cortadas ao meio..heheheh

Poi sé, até o Kanelão virou esquerda pelas contas do caro Lídio...

Anônimo disse...

O que é isso? Um ataque direto ao Fabiano. E eu achei que os comentários eram a respeito do que está escrito, para defender ou discordar de idéias, não para atacar as pessoas. Acho que esquerda e direita são apenas opiniões políticas, devem ser levadas em conta a partir de que somos nós que escolhemos nossos representantes, mas atacar alguém só porque temos opiniões diversas é inadmissível. Infantilidade... teria eu vergonha desses atos... Talvez por isso está pessoa tenha que se esconder atrás do Anônimato!


Fa! Tenho acompanhado por alto o que está ocorrendo dentro da câmera municipal, na verdade acho que a única saída é a troca de nossos representantes, mas confesso que tenho um pouco de medo. Ando descrente que mesmo esta troca possa nos ajudar muito, acho que há muito para ser feito e pouco o que se fazer agora. Será difícil, ainda mais com a população tão indiferente a mudanças como acontece em nossa cidade.