quarta-feira, 23 de julho de 2008

Cala a boca, Jabor!


Não é mais novidade que Arnaldo Jabor é atualmente, o grande ideólogo da “Burguesia democrática” brasileira. Um Neo-liberal daqueles insuportáveis, que quer ver o Estado sucateado e a iniciativa privada dando as cartas na economia. Assim como Diogo Mainardi, se constrói como grande figura em momentos de crise, emergindo como um homem que faz críticas oportunas em momentos certos. São esses, os homens que dão mais medo: Eles são a salvação da lavoura, mesmo quando não tem proposta alguma em tentar derrubar as propostas alheias.

O problema de Arnaldo Jabor é quando quer ser golpista; Enquanto se prendia ao cinema e contestava os valores da classe média por meio de suas obras (vide o ótimo “Toda nudez será castigada”), Jabor se mostrava um homem em equilíbrio constante, por ser o centro perfeito: Nem direita, mas muito menos Esquerda. Saudades daquele Jabor que corroborava com a Esquerda: A Classe média consumista é bem mais patética quando quer viver sob o teto dos valores judaico-cristãos!

Quando Arnaldo Jabor diz que “os brasileiros sãos burros”, que “o governo é bolchevista” e que vai nos fazer falta “uma grande mulher como Ruth Cardozo”, depois de nos vomitar que a América Latina não pode mais tolerar os “Narco-guerrilheiros e terroristas do último bastião da Esquerda” das FARC, podemos ficar tranqüilos: Ele está rolando o mesmo vinil, engasgando com a mesma faixa da Direita tucana e Pefelista e de seu amigo Diogo Mainardi. O que não se pode agüentar é ele jogando merda no ventilador e dizendo que “está fazendo a sua parte”. Segundo nosso nobre herói (que deve se achar um Macunaíma que aos olhos alheios dos amigos quer ser Dom Quixote), “nunca houve um governo tão corrupto na nossa História”. Mas entenda-se: Jabor não viveu aqui nos últimos 500 anos. Se Jabor cuidasse da sua memória, lembraria que o governo anterior a Lula, teve a maioria de seus ministros implicados em denúncias de corrupção, improbidade administrativa, desvios de verba; lembraria que a emenda da reeleição foi negociada com os partidos da base aliada num escândalo que já em 1997 recebeu o sugestivo (mas nunca tardio) apelido de “mensalão”; que muitas das privatizações que ele lembra com saudades são contestadas na justiça por terem causado danos financeiros ao Estado brasileiro; que o Governo de FHC causou a maior quebradeira do país enquanto saudava as dívidas dos bancos privados; que “a grande mulher que vai nos fazer falta”, Dona Ruth Cardozo, “caridosa para com os humildes” foi implicada em graves denúncias de corrupção e apoiou FHC e seus asseclas no desmonte do patrimônio público, dando de mão beijada para os investidores estrangeiros, uma série de empresas estatais que davam lucro e pertenciam ao povo brasileiro. É esse governo, corrupto, sórdido, mesquinho e entreguista que Jabor quer de volta. Um Governo que comemorou os 500 anos da invasão portuguesa e do massacre dos indígenas aqui residentes, com um banquete oferecido aos europeus! Por isso, não é de se estranhar que o Governo Lula seja “o mais corrupto da História”. Lula, apesar de suas contradições, equívocos e tiros n´água tem avançado nas questões sociais e empreendido um programa de inserção do capital estatal na economia. Conta também com o apoio de inúmeros movimentos sociais e abre o dialogo com o MST e a Via Campesina. Para Jabor, isso é o fim. É um infarto na democracia que ele defende.

Não devemos ver Arnaldo Jabor como um simples comentarista. Ele é, na verdade, porta-voz de uma causa: dos que não tem causa alguma a não ser desfrutar da vida enquanto milhões de pessoas passam fome. Por isso, por esse desapego, diz o que quer; acredita ele que a democracia é feita de bons vinhos, boas festas e noites entre os intelectuais, enquanto grande parte da população está sujeita ao crivo da “República dos sociólogos”. Arnaldo Jabor ridiculariza a “Luta de classes” como um extravio do passado, uma relíquia enfadonha que só sobreviveu na América Latina por que somos "sub-desenvolvidos", mas é uma prova viva da mesma, estando na defesa intransigente dos direitos da sua própria classe. Quando alguém esbarra nos seus direitos, é dever desse (pseudo) Dom Quixote pitoresco partir para o ataque: Contra o MST, as FARC, contra Lula, contra quem roubou uma maçã por que não agüentava mais de fome; Jabor é um Cossaco que não tem mais Czar para defender e agora atira em qualquer sombra que se mova ao rondar o Kremlin; É uma carruagem do velho regime que insiste em rodar pelas mesmas ruas sonhando com os holofotes de antes.

Ainda que defendamos o direito inalienável de expressão, o direito inabalável do pensamento e da crítica como base para uma democracia verdadeira, entendemos que há uma coisa que a Imprensa deve sempre lembrar, que é a ética jornalística de analisar os fatos de forma imparcial e de acordo com a verdade dos acontecimentos. Arnaldo Jabor, assim como Lazier Martins e Diogo Mainardi, está se lixando para isso. Em decorrencia, não nos pode fugir à cabeça a seguinte frase ao vê-lo com aquele sorriso sarcástico e tucano: Cala a boca, Jabor!!!

Fabiano, segunda, 21 de julho de 2008.

7 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente, ou felizmente, tenho que descordar do nobre colega. Jabor, como bom intelectual, não defende hoje a direita,nem defendeu no passado a esquerda. Como todo intelectual que se prese, o trabalho de Jabor é "encher o saco" dos outros, sejam da esquerda da direita ou do meio! Os intelectuais esquerdoides que dizem amém a tudo que os beocios de vermelho que seguem a marx como a biblia não são intelectuais. Os afetados demegogos, que em sua maioria provém de universidades, e que lambem as botas de qualquer um que lhes lansem uns trocados, dizendo que isso ou aquilo é verdade, não são intelectuias. Essas duas especies de pseudo-intelectuais que se vende ou se doam a causas sem pensar , são o que apodrece nossas universidades, câmaras e locais onde a politica e a cultura se misturam. ( estou divagando)
Mas o que importa é que Jabor, como verdadeiro inteletual(mesmo dando algumas bolas foras)tem batido em quem está mandando e em quem o todo a plaude, esta fazendo bem o seu papel.
"Toda a unanimidade é burra"

Mateus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mateus disse...

Me parece que poderíamos tecer tais comentários para outros intelectuais como a senhora Marilena Chauí que, ao ver que o PT no poder não é tão diferente de outros partidos, passou a ter argumentos para defender a corrupção que antes, quando outros partidos ocupavam "o trono", era inaceitável.
Argumentos e opiniões mudam a toda hora quando o assunto é defender "sua verdade" ou o que o indivíduo considera ser o certo, isso ocorre tanto com o Jabor quanto com a Chauí. Não deveria ser assim, mas bem sabemos que vivemos em um plano que Bentham chamaria de deontológico, onde vemos no dia-a-dia que os homens subordinam suas emoções a seu bem-estar, por mais asco que a corrupção possa causar a dona Marilena, ela se sente melhor dizendo que para o governo Lula isso é necessário, enquanto que para outros isso era condenável!
Ainda bem que vivemos em um regime democrático, onde as pessoas podem falar, debater, expor o que pensam! Do contrário, nós que comentamos neste blog estaríamos todos encarcerados... Por isso discordo do título do post, calar uma voz é uma atitude demasiado autoritária, calar um homem é calar um pouco de si, é impedir o reverberar da própria voz.

Helena Moschoutis disse...

Sobre o que o nobre colega ali do primeiro comentário disse "Toda a unanimidade é burra", me parece que - claro que não a unanimidade - mas que o SENSO COMUM aplaude o que Arnaldo Jabor fala porque "mete a cara". O trabalho dele não é 'intelectual' siplesmente, é jornalístico e isso requer ética, como disse o Fabiano. Ele é tedencioso, preconceituoso e hipócrita. Eu tenho raiva dele! Acabei de escrever um texto argumentativo a partir de um dele sobre arte contemporânea onde ele consagra sua estupidez. Ele se utiliza do senso comum, da ignorância do povo, é um baita oportunista! O que mais irrita são as pessoas se deixando enganar por ele. Mas não culpo ninguém, o cara sabe se expressar, é inegável!

Se puderes me manda o teu e-mail pra eu te mandar o texto esse que te falei. E dá uma lida nos meus textos, gosto muito de escrever, espero que gostes.
E, apesar do meu blog ter um nome digno das "três espiãs demais", pelo menos ele não é amarelo berrante! blééé :P

Helena Moschoutis disse...

aaaaah, e Toda Nudez Será Castigada pode até ter sido dirigida por ele, mas foi escrita por Nelson Rodrigues e é isso que importa!

Mateus disse...

Desculpe estar me metendo no diálogo, mas gostaria de ler teu texto Helena. Se puder me envie para ironmateus@yahoo.com.br

E três espiãs demais até que é um desenho divertido hehehe. Eu pelo menos gosto de desenhos...

Adriano Pinheiro disse...

Por gentileza, faço apenas um pedido. Reparem que não estou debatendo, questionando ou impugando qualquer ideia, alegação ou tese, apenas faço uma solicitação.

Diante de tanta divergência tentei saber mais sobre este personagem. Fiz pesquisas as suas "apresentações". Para não comentar preconceitos ou uma opinião infundada, foquei a existência ou inexistência de imparcialidade ou tendência.

Fiquei em dúvida. Peço que, qualquer das partes, se possível, mostre-me uma crítica SEVERA, RÍGIDA E CONTUNDENTE, haja vista que foi a característica marcante do Arnaldo Jabor, referindo-se ao PSDB.

Achei algumas menções - mas não críticas, que, na verdade, criticava a oposição, por não atacar com mais severidade o PT (governo) em determinados fatos.

Ressalto, novamente, que estou apenas pedindo estes dados, para formar minha opinião.