sábado, 9 de maio de 2009

Lula e os brancos de olhos azuis.



Em meio a crise mundial e ao quebra-quebra dos banqueiros de Wall Street, Lula não se conteve e disse o que nós, latino-americanos “sem dinheiro no banco e sem parentes importantes”, pensam e confabulam na padaria: A crise foi gerada pelos brancos de olhos azuis. Os brancos de olhos azuis genuínos, não se importaram: Estão sossegados, escondendo o que ganharam na especulação financeira. Os nossos “brancos de olhos azuis”, por outro lado, geraram uma cruzada anti-racial. Os da Rede Globo por exemplo, chegaram a ponto de localizar dois funcionários negros entre os grandes bancos norte-americanos. Acusaram Lula de racismo, de preconceito, de tocar num assunto tão pesado, ocupando uma posição tão sensível. Sim, os brancos da Rede Globo que adoram um negro na novela, mas sempre transitando entre o servir cafezinho e ser a amiga conselheira da Vera Fisher se ofenderam. Democracia racial Global.
Em Wall Street, os brancos de olhos azuis não se ofenderam, por que para eles isso é a profissão de fé do mercado. Sua crença no Destino Manifesto, calcada em Weber e sua ética protestante no espírito do Capitalismo, são tão redundantes que discutir democracia racial é perda de tempo (e de dinheiro). Os imigrantes ingleses radicados nos EUA nunca pensaram em democracia racial e sim, em manter os negros nas lavouras de algodão, e os índios, abaixo da terra. Em 1861, Abraham Lincoln deixou claro que o desenvolvimento e o progresso dos EUA não estavam, obrigatoriamente, atados a causa abolicionista. O presidente Abe nunca pensou na abolição como justiça, mas sim, como enfraquecimento nevrálgico dos produtores do Sul, já que perdiam sua mão de obra barata. Lincoln é tido por brancos de olhos azuis e por negros dos EUA como um apaziguador, não como militante do abolicionismo.
Nenhum de nós nunca encontrou um banqueiro de Wall Street, mas sabe perfeitamente, que nenhum deles é negro, índio, xicano, ou que é uma mulher negra. Esses conceitos de radicalidade estão muito claros. O moralismo da Rede Globo tenta disfarçar uma obviedade que é o alto teor de preconceito na economia. Por um lado, os países colonizados da África, Ásia e América, com populações de “brancos puros” bastante restritas, se mantêm periféricos e sub-desenvolvidos. Por outro, nos EUA, a população de negros é enorme, mas ocupando cargos subalternos. No Brasil, os brancos pobres, juntamente com indígenas e negros, foram excluídos do desenvolvimento econômico, a ponto dos 5% mais ricos do país (brancos!) deterem consigo, metade da renda nacional. Não há dúvida, de que a afirmação de Lula é verdadeira. Popular, por um lado, científica por outro, mas verdadeira.
Não é incomum se enxergar o “normal” como homem branco e heterossexual. É um pouco do American Way of life. Também não é estranho, adotar a visão ingênua de que os anjos são sim, brancos e com cabelos cacheados (fruto do paganismo Greco-romano e do Renascentismo). Tudo isso, é um retrato do racismo cultural que nos move, mesmo que não saibamos e não notemos, e mesmo que as vezes, não tenhamos sequer consciência disso. A beleza dos olhos azuis e verde é encantadora e não há nada demais nisso, mas deve-se questionar por que os símbolos de beleza são sempre europeus. Não há referencial de beleza indígena ou negróide. A própria história da Arte é a história da Arte européia e dos seus juízos de valor. Era dessa forma em 1540, e funciona assim em 2009. Lula, portanto, faz a defesa da sua classe, o que é normal e corriqueiro em situações limítrofes. O próprio Pefelista Cláudio Lembo, ex-governador de São Paulo declarou à Carta Capital, em novembro de 2007: Somos fruto da mesquinhez da nossa elite branca. Seja no Brasil, ou nos EUA, o racismo é evidente. No Brasil, entretanto, a Globo já achou a sua solução: Ficar em silêncio até que o passado se esvaia e esqueçamos de nos olhar no espelho.

Fabiano da Costa, 1º de abril de 2009.

3 comentários:

Lidio Lima Jr disse...

Esse texto só poderia ter sido escrito mesmo em um 1º de Abril, visto que é uma piada e de mau gosto. Não posso deixar de concordar com o colega no fato de a maioria das pessoas ser ignorante e basearem suas opiniões mais em preconceitos do que em conceitos, propriamente ditos. No entanto aplaudir uma ato imbecil como o do presidente “Mula”, que perdeu mais uma oportunidade de manter aquela latrina que ele chama de boca fechada, já é demais.
O texto elogia o presidente por combater o preconceito contra os negros e índios com o preconceito contra os branco de olhos azuis. É de uma pequinês da parte do vosso presidente culpar os banqueiros brancos e de olhos azuis pela crise, sem saber ele que a crise não foi causada pelos banqueiros, mas sim pela interferência do estado americano no mercado. Mas não vamos esperar dele, um homem que acha que para não se afastar do povo tem que ser ignorante, conclusões obvias baseadas na história e na compreenção do jogo do livre mercado.
Mas eu esperava mais do meu nobre colega autor desse blog, elogiar essa sandice não é papel de alguem que se diz contra o preconceito. Ou o colega só defende aqueles que são vitimas de preconceito e não tem dinheiro, agora se o cara é rico tem que aturar desaforos e ataques preconceituosos dos outros? O Sr, seria contra o ministro Joaquim Barbosa reclamar se alguem for preconceituoso com ele, por ele ser rico? Ou um homem branco de olhos azuis pobre tem de ser execrado por causa que é branco e não tem grana?
O comentário do presidente foi racista sim! Ele deveria ter sido processado por insuflar um pais contra um determinado grupo humano. Se ele tivesse dito que a culpa era dos judeus, dos Islâmicos ou dos Negros nesse momento ele estaria em um banco de réus, que alias é onde ele deveria estar mesmo.
Por fim, me nego a crer que alguem viu algo de bom no pronunciamento, o na diarreia oral, que o presidente fez falando, como sempre, do que não sabe.

Unknown disse...

Hmmm, que eu saiba a crisa foi provocada pela NÃO intervenção do governo americano na e3conomia... Deixamram os bancos fazer o que quisessem, ou seja, negociar títulos de "alto risco" (dívidas) pois isso dava (muito) dinheiro. daí a quebradeira

Lidio Lima Jr disse...

Bom, noto que o Sr. (a) Djori não tem lá muito conhecimento sobre economia, mas algum conhecimento de “jornal da tarde”. É alardeado desde o inicio da crise que a culpa é dos investidores e dos banqueiros, mas isso é dado ou a ignorância ou a ideologia de quem propaga tais noticias. Vou lhe repassar o link para um texto de um economista que mostra claramente em que ponto o governo errou ao interferir de forma errada no mercado. O mesmo ocorreu em 29 e em todas as outras crises. Crise sempre haverá, a magnitude dela é que pode ser maior ou menor de acordo com a maior ou menor interferência do estado, que deve ser a menor possível.
O link é : http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2009/03/crise-vista-por-um-prisma-liberal.html