segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Uma outra nau de insensatos?

(fotos do debate ocorrido no Campus Carreiros da FURG em 1° de outubro, com duas ausências: Carlinhos Pescador (PSOL, e Fábio Branco (PMDB), que só compareceu a 1 debate dentre os 5 promovidos durante a campanha. Na mesa: Candidatos Dirceu Lopes, da Frente Popular, Rubens Goldenberg, dos Democratas e Professor Philomena, do PV).




O resultado das eleições em Rio Grande, mesmo fruto de um processo “democrático” (sim entre aspas!), nos aponta para algumas especulações: Por uma perspectiva, é uma prova cabal do ostracismo político da cidade e da região sul do Estado, considerada por alguns, “o sertão gaúcho” (diante da miserabilidade da região mais pobre do RS). Por outra, é sabido que em qualquer província, o termo “progresso”, repetido exaustivas vezes pode parecer, por um momento, algo contundente, revelador de um novo momento (econômico); mesmo assim, geralmente as pessoas tendem a votar em quem traz os investimentos, e não em quem diz que “vai continuar tocando os mesmos”. Noutra perspectiva, o resultado agradou os dois lados: De um, os PeMeDebistas, comemorando a prolongação de seus já (longos) 12 anos de mandato, calcados numa dinastia que tem grande enlace popular; por outro, os Petistas, acreditando que a soma de 46.000 votos é o desgaste da Família Branco e por sua vez, o terreno frutífero para fomentar uma nova força para 2012, já que terá, na Frente Popular, 4 vereadores para o próximo mandato.
Os jornais da região não pouparam: O título de capa do “Jornal Agora” de Rio Grande, no dia 6 de outubro, disse tudo: “Deu branco!”. Sim, passaremos estes quatro anos em branco. No branco mesmo, que é a ausência de cores, de formas, de qualquer atividade. Já o diário Popular, de Pelotas, transpareceu serenamente que o resultado, aponta para um aparente desgaste do modelo apresentado pela mesma família no poder, diante do crescimento da oposição. Na Zero Hora e no Correio do Povo, ambos de Porto Alegre, as notas se resumiram a alegar mais uma vitória da (famigerada) Família Branco. Para nós, o resultado pode ser interpretado como um provincianismo maior do que imaginávamos na população local: Nem mesmo a vinda do Presidente Lula, há poucos dias do pleito, anunciando mais uma plataforma de petróleo, para “decorar” nosso Pólo naval, deu resultado. A “grande virada”, alardeada por alguns (como eu!) até horas antes do pleito não deu resultado, e se levarmos em conta que Rio Grande tem tão somente 137.534 eleitores (num universo de mais de 200.000 habitantes), para 5 candidatos, a diferença obtida por Fábio Branco, de 14.000 votos, fora enorme.
Diante do resultado, e levando em conta que o candidato vencedor só foi a um dos cinco debates promovidos (fotos do debate de 1º de outubro nesta postagem), e considerando que em 12 anos, seu grupo político não desenvolveu nada sustentável para a economia da região, tendo até 2005, essa cidade um dos maiores índices de desemprego do Estado, já podemos contextualizar algumas soluções imediatas: Uma delas é pedir asilo político em algum país distante (as vezes, me pego imaginando que quando a Esquerda ganhar as eleições em Rio Grande, poderemos ir ao Aeroporto e a Rodoviária reencontrar os “anistiados”, abraça-los fraternalmente numa tardinha e esperar que esse inverno não tenha volta). Fora isso, a vontade é mesmo, de fugir, de sumir e continuar crendo que um dia essa dinastia saia do poder. Não se pode tolerar a idéia de que o povo acreditou plenamente na história de que Fábio Branco, fora prefeito e durante seu mandato fomentou a construção do Pólo naval, que só entrou em atividade durante o mandato do Presidente Lula, e não no seu, por uma coincidência. Alguém consegue conceber a idéia de que o ex-Prefeito de Rio Grande, teve força diplomática para trazer as plataformas que seriam construídas em Cingapura? Se alguém acreditou nisso (e a grande parte do eleitorado votou por outros motivos, como a política do "asfalto para todos"), realmente, não estamos mais com um problema de provincianismo cultural, mas sim, com um de saúde pública: Bócio endêmico, e em estágio avançado.

3 comentários:

J.F. Costa disse...

coerente como sempre meu amigo...
parabéns pelas palavras e pela elaboração do espaço.
acredito que são esses espaços de conscientização e debate que podem nos levar para algum lugar(algum dia).

Everton "Merlin" Soares disse...

Como prometido cá está meu comentário, repleto de indignações e revoltas quanto ao que se sucede em nossa cidade. Não consigo crer que mais uma vez seremos governados por uma corja de sanguessugas da pior espécie, que parasitam e sugam tudo o que podem da população então sofredora de tantas mazelas sociais(culpa dos mesmos, é claro). O que me conforta é o fato de termos a bancada composta por quatro vereadores da frente popular, o que indica que haverá uma avaliação mais coerente das leis porvindouras e isentas do puxa-saquismo exarcebado, o qual fomos vítimas durante tantos anos. Nos resta pelos próximos anos trabalhar ferrenhamente para destituir essa dinastia a tanto no poder. Creio que possuímos poder suficiente para provocar a revolta do populacho e com isso arrancarmos o lugar que eles injustamente ocupam(mesmo levando em conta o regime democrático no qual vivemos, pois enganbelar pessoas sofridas com presentinhos é fácil, difícil é enfrentar formadores de opinião como nós). Abraço.

Nem disse...

Realmente complicada a situação de Rio Grande, assim como a de Pelotas, assim como a do Rio Grande do Sul... o papo de gaúcho ser um povo politizado já caiu faz horas, essa desgovernadora déspota é o melhor exemplo de quem realmente detém algum poder nesse estado, nossa querida emissora RBS... fico pensando naquele velho ditado: cada povo tem o governo que merece... será mesmo?