domingo, 25 de maio de 2008

Maio de 68 a maio de 2008: Movimento estudantil, lutas sociais e "Casa, comida e Vale-transporte".


Maio de 68 a maio de 2008: Movimento estudantil, lutas sociais e “Casa, comida e Vale-transporte".

Maio de 68 foi um mês marcado por manifestações estudantis na França. Os universitários lutavam contra o autoritarismo, a burocracia, entre outras coisas, na Universidade de Nanterre, Paris. Após a morte de Gilles Tautin, estudante, e dos operários de Peugeot, Pierre Beylot e Henri Blanchet mortos pelas companhias republicanas de segurança (CRS), grupos políticos, operários e até mesmo, apolíticos uniram-se a causa dos universitários franceses. Essa união do movimento estudantil com outros setores da sociedade, deu-se em outras cidades também: México, que culminou no massacre de Tlatebolco; Berlim, com protestos contra a guerra do Vietnã; Na Itália, a Universidade de Roma foi fechada após demonstraçõesbrutais da polícia, e foi nesse país que a Classe operária forneceu maior reforço aos estudantes.
Nesse período, aliás, por causa desse período em especial, proliferaram-se grupos armados, como as Brigadas Vermelhas, na Itália, e o Baader-Meinhof na Alemanha.
Nos EUA, a Guerra do Vietnã tornou toda a década de 60 um “Caldeirão”: Negros, mulheres e homossexuais lutaram pelos seus direitos civis e o Movimento estudantil estava inserido nessas lutas, o que ajudou na obtenção de algumas conquistas.
A proibição de uma peça de teatro em Varsóvia, gerou manifestações de estudantes que abrangeram Cracóvia, Lódz e outras cidades.
Quarenta anos atrás, estudantes inseriram-se nas lutas sociais, e o movimento organizado por eles, cumpriu parte de seu dever: Lutar peal sociedade civil e apoiar grupos, entidades ou qualquer pessoa que lute pelos direitos de qualquer ser humano, e não limitar-se a “Luta estudantil”.
Chegando finalmente ao fatídico maio de 2008: O que falar do Movimento estudantil na FURG (Fundação Universidade Federal do Rio Grande) em 2008? Hoje, os estudantes estão cada vez mais em “estado de fuga” do Movimento estudantil e/ou social. A Pseudo-luta é mais simples. Na FURG, num Centro Acadêmico (Leiam bem, Centro acadêmico, que pressupõe democracia), não se luta por melhores professores, por melhor estrutura do Curso, ou por qualquer outra obrigação de um C.A. (Evidentemente não estou generalizando, mas o exemplo é válido e é corriqueira em várias universidades). Num Centro acadêmico, seus próprios componentes lutam pelo direito de expressão, de falar, expor suas opiniões frente a um pensamento único e que supera a discussão democrática (Parece que Stalin retornou com várias faces). O ano de 2008 é eleitoral, e o que o dito movimento estudantil está fazendo? Tomando café e dando ordens ao rebanho de ovelhas manchadas de Vermelho? As lutas são individuais. Quem será “sustentado pela FURG”, quem terá o nome no topo da “Cadeia alimentar”, quem fala mais alto e bate mais forte o pé?
Essas são as lutas do Movimento estudantil riograndino.
A maioria dos estudantes brasileiros que participaram dos 100.000 (muitos, hoje, membros da FUEC – Frente Unida dos Estudantes do Calabouço – Rio ´68) acreditam atualmente que seus protestos poderiam, ou ter derrubado o regime militar, ou adiantar seu fim. Porém, o Maio de 68, não havia chegado ao Brasil. Talvez alguns DA´s e CA´s, que se dizem defensores do Movimento estudantil, lutassem não só por suas cadeiras confortáveis e computadores com internet, mas também pela democracia, pela igualdade racial, social e sexual, pelos seus direitos que são constantemente vetados pelo poder público, enfim, se lutassem em nome da Sociedade como um todo, houvesse possibilidade real de mudança.
“Eu quero é casa, comida e Vale-transporte!”.

Por Isabel Vargas, graduanda em História pela FURG.

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